sábado, 21 de março de 2009

Olá amigos e amigas! Depois de muitos (muitos mesmo) meses afastado, voltei à ativa. Devo confessar q por influência de duas pessoas muito importantes ^^
(só olhar nos novos links hehe)

Já tem algum tempo, escrevi uma fic de Sakura CC... e aqui vai ela hehe
Espero um dia ter criatividade suficiente pra continuá-la (e meu conto tb). Por enquanto é só, obrigado por ler =D

Ao som de Joy Division - Sound of Music


Chovia; era noite, mas mesmo assim, aquela cidade tinha um movimento infernal, Nunca parava. E lá estava eu, perdida em Tóquio. Se bem me lembro, era uma quinta-feira. Estava no portão da Toudai, procurando pelas chaves do carro na bolsa. Sim, eu já dirigia. Passaram-se longos anos desde que me separei de Sakura. Fugi para Tóquio, cansei de viver na sombra dela. Daquela que nunca me amou, aquela que trocou o meu amor pelo dele. Shoran, no fundo, eu o invejava. Eles se amavam. Eles trocavam beijos, abraços, sorrisos. Até mais. E eu odiava pensar nisso. Enfim, a chuva cessou um pouco, o suficiente para que pudesse correr até o carro. Estava angustiada. Toda vez que chovia era assim, me entregava às lágrimas e aos pensamentos. Pensamentos dela. E como eu me odiava por isso. Sem querer, havia pego a estrada para Tomoeda. Ah, em que eu estava pensando. O carro ia cada vez mais rápido, 140, 150 km/h. Já não me importava mais, e não custava nada uma visita não é? A chuva aumentava na mesma intensidade da velocidade daquele carro. Estava eufórica, ansiosa. Queria vê-la depressa. A chuva piorava ainda mais, já não conseguia enxergar nada mais a minha frente; os vidros embaçados, então enfim, perdi o controle. Lembro-me vagamente do carro batendo no guard-rail na beirada da pista e depois mais nada.
Abri lentamente os olhos, a luz do sol me incomodava. Estava na minha cama, mas sinto como se não fosse eu mesma. Voltei aos meus 17 anos. Me lembro desse dia. Sim, eu me lembrei. Foi o dia mais amargo da minha vida até então. O dia que me despedi de Sakura.
Seria então a chance de mudar o passado? Logo perceberia que não; ali eu era apenas uma expectadora, contemplando as cenas de amargura que se seguiriam naquele dia.
Via a mim mesma de longe, levantando-se da cama, decidida a fugir da dor de não ser amada por Sakura.
Via nós duas, no parque Pingüim. Me via, friamente, dizendo a Sakura que nunca mais nos veríamos, seria o melhor para mim, e que ela seria muito mais feliz sem mim. Via a mim mesma, indo embora, de cabeça baixa, segurando as lágrimas.
Vi o que jamais tinha visto. Sakura sentou-se no chão, colocou a cabeça entre os joelhos, chorava muito. Nesse momento, começava a chuva. A chuva que me traz o passado em cada pingo que escorre pelo meu rosto. Shoran então apareceu, tentando consola-la, mas ela, nada dizia. Apenas chorava, sentia seu coração arder, como se tivesse perdido um braço ou uma perna. Mais do que isso, perdia um pedaço da sua alma. Do outro lado do parque, estava eu, caminhando debaixo da chuva, feliz pelas gotas que caiam, e assim quem sabe eu poderia disfarçar as lágrimas. Mas naquele instante, jurei que não voltaria atrás. E assim fiz. Fui embora para a capital, terminei meus estudos, me tornei professora de canto da faculdade. Era convidada para festas de gala, me misturei com pessoas desconhecidas, apenas pelo prazer do status. Mas nunca preenchi aquele vazio. Jamais soube o que havia acontecido com minha pequena Sakura. Até então.
Sakura passou a noite no parque, ora chorando, ora deitando-se na grama molhada, olhando para o céu. Porque ela fez aquilo comigo – perguntava-se insistentemente. Shoran acabou por desistir, nada do que dizia parecia ter efeito. Sakura parecia anestesiada. Seus olhos olhos não brilhavam mais. Parecia morta.
Eu ainda estava lá, imóvel, uma mera expectadora, via minha amada sofrendo de longe. Deus, como pude fazer isso com ela?
Raios rasgavam o céu, e eu nada podia fazer. De repente, um trovão. Acordei novamente.
Abri os olhos. Sentia muitas dores. Via luzes sobre minha cabeça; afinal, estava viva. Não sentia meu corpo. Minha cabeça latejava. Ouvi passos. Um homem, vestia-se de branco, da cabeça aos pés. Era um médico.
- Onde estou? – arranhava a garganta para conseguir falar.
- Está no CTI do Hospital Tomoeda. Lembra-se do que aconteceu? – perguntava ele.
Naquele momento, sentia uma pontada na minha cabeça. Afinal, por que estava ali?
Me lembro da chuva, apenas. E dela, de Sakura. O que diabos eu estava fazendo no hospital?
- Por que estou aqui?
- Não se lembra então. Vou lhe contar desde o começo. Há mais ou menos 2 meses, você foi trazida pra cá, quase morta. Sofreu um acidente de carro muito grave, não morreu por um milagre. E por milagre maior ainda, teve apenas alguns machucados, mas nada muito grave. Mas estranhamente, entrou em coma. Você é uma mulher de muita sorte.
Na manhã seguinte, eu fazia alguns exames. Tive alta na mesma tarde. Por recomendação do médico (que nem sequer soube o nome), fui até o pátio da polícia ver o que sobrara do meu carro; ele dizia que assim entenderia o sentido de milagre. Logo, fui capaz de entender que só estava viva por intervenção divina. Estava totalmente destruído. Ninguém que estivesse lá dentro poderia ter sobrevivido, exceto talvez, por mágica.
Corri então para a primeira cabine telefônica que avistei. Vasculhava aquela lista desesperadamente. Kinomoto, Kinomoto... onde estava você?
Enfim encontrei. Ligava insistentemente, mas nada de atender o telefone. Estaria ela ocupada? Não sabia responder, não sabia que rumo tinha tomado minha doce Sakura.
Fui então até o endereço indicado na lista. Já não era mais a antiga casa dos Kinomoto. De acordo com a lista, Sakura agora morava num apartamento, próximo ao parque Pingüim.
E lá ia eu, reencontrar meu amor, tantos anos depois. Como será que ela estava? Será que ainda se lembraria de mim? Será que ela conseguiu me perdoar por deixa-la daquele jeito? Só havia um jeito de saber.
Subi então até seu apartamento, era no 4º andar. Toquei a campainha, uma, duas vezes. Até ouvir uma voz sutil me dizendo “já vai”.
A porta abriu-se. Era Sakura; a minha Sakura. Estava linda. Alta, cabelos compridos. Um corpo perfeito. Aquele mesmo olhar cativante de antes, mais maduro, eu podia sentir. Fiquei paralisada. Sakura então me abraçou. Abraçou forte. Pude ouvir sua respiração, ofegante. Meu coração estava disparada, e eu, imóvel. Poderiam se passar cem, mil anos, e nada mudaria. Eu a amava, sempre a amei. E morrerei a amando. Sakura então, acariciou meu rosto; lágrimas escorriam pelo seu rosto. Estava vermelha. Sem dizer um palavra, deslizou seus dedos sobre meus olhos, fechando-os. Sentia então seus lábios tocando os meus, numa espécie de ritual. Aquilo enfim, me tirara do transe. Não acreditava no que estava acontecendo. Sakura ainda estava fitando meu rosto, sorria agora.
- Sakura, eu... – fui interrompida por ela, colocando o indicador sobre meus lábios.
- Eu apenas quero te pedir perdão; nunca entendi o que seu coração tentava me dizer, até o dia que te perdi. Me perdoe por te magoar.
Eu não conseguia entender, quem deveria estar se desculpando era eu. Eu que abandonei, eu que fugi dela. Eu que... eu que apenas queria estar ao lado dela.
- Foi você que me salvou, não foi?
- É, eu não podia te perder de novo, não sem antes dizer o quanto você é importante pra mim, Tomoyo.
Neste instante, Sakura me abraçou novamente. Seu corpo quente era aconchegante, me rendi ao seu toque. Nos beijamos novamente, na porta do apartamento. Pelo visto, ainda teríamos muitas coisas pra conversar.

Link para a publicação original:

http://www.fanfiction.net/s/4700400/1/Amor_e_destino